Complementando o post anterior, vamos mostrar algumas comidas encontradas no Festival do Japão. Como nos anos anteriores, acabamos indo no sábado e domingo para aproveitar a parte gastronômica e os shows além de encontrar velhos amigos.
Em nossa opinião o evento deste ano estava mais cheio do que no ano passado e no domingo à tarde as filas estavam enormes. Os apresentações de taiko foram muito boas assim como alguns cantores que se apresentaram no palco de shows.
Em relação a área gastronômica, nos últimos eventos o yakissoba e o tempurá tomaram conta de várias barracas que representam as províncias, talvez para agradar o público que não está acostumado com comidas diferentes e fazer o número de visitantes crescer. Mas neste ano conseguimos encontrar comidas mais típicas (e outras nem tanto...) para nossa alegria. Entre elas um prato que nunca havia comido e que está no fim deste post.
Eu e meus pais começamos comendo o prato preferido do festival, o Okonomiyake (R$ 12,00), que é uma espécie de panqueca japonesa. Os ingredientes variam de acordo com a região. Na barraca de Hiroshima ele leva macarrão na massa e não gostamos muito. O preferido é o da barraca de Wakayama, preparado com massa de panqueca, repolho, mini camarão seco, beni shoga (gengibre em conserva vermelho), alga picada (aonori), molho tonkatsu, maionese e katsuobushi (flocos de peixe seco). Leva ainda fatias de bacon sobre ele.
Dedicamos este prato ao Alexandre do
Lost in Japan, a Margarida do
Banzai e para a Andreia do
Papiando que já postaram sobre okonomiyake e também gostam deste prato.
A combinação fica ótima e são bem caprichados. Arrisco a dizer que é uma das barracas que mais vendem no festival. As filas são enormes todos os anos. Mas vale a pena enfrentá-las.
Passamos para pegar um suco de maçã (R$ 5,00) na barraca de Aomori pois os sucos são totalmente naturais e sem nenhum conservante. Eles são trazidos de São Joaquim apenas para o Festival do Japão. Então só é possível beber uma vez por ano.
A Denise começou com um Udon da província de Nagasaki (R$ 12,00) que levava kamaboko, tamago yaki (omelete), e tempurá de camarão. Além da apresentação simples, o caldo estava fraco, agradando quem tem paladar suave.
Logo depois parti em busca de algo diferente e parei na barraca da província de Kumamoto e peguei o Karashi Renkon que são pedaços de raiz de lótus cozidos, recheados com mostarda, batata doce e missô, empanados e fritos. Os pedaços são vendidos por peso e um pequeno saiu por R$ 5,00.
A raiz de lótus não tem muito sabor em si, o que dá o gosto é o recheio. A mostarda que o recheia não é aquela usada em cachorro quente mas sim a japonesa que tem gosto parecido com o wasabi. O sabor é um pouco ardido e vai bem com uma caipirinha.
Meu pai foi até a barraca de Shiga para pegar algumas Guiozas (R$ 5,00). Elas são boas mas normais daquelas que encontramos nos mercados da Liberdade. O que agrada é o molho de shoyu, limão e gengibre para acompanhar.
Depois disso queria algo doce e fui em busca do Oshiruko (R$ 5,00) que é uma "sopa" de feijão doce com moti cozido nele. O feijão preto não é aquele utilizado na feijoada mas sim o azuki utilizado nos doces japoneses. Alguns podem torcer o nariz mas eu gosto bastante e como não é comum encontrar nos restaurantes acabo comendo apenas no festival. Encontrei na barraca de Niigata mas não gostei muito pois é daquele que vem com os grãos de azuki inteiros. Comi e fui atrás de outro. Encontrei na barraca de Saitama do jeito que gosto. Apenas o caldo espesso com o moti bem macio.
A Denise foi comprar sonho (R$ 2,50) na barraca Kibô no Iê (uma entidade beneficente) pois são feitos na hora e vem quentinhos. O creme é suave e doce no ponto certo. Quem conhece sempre compra ali e as filas também são enormes. Além disso o dinheiro arrecadado ajuda a casa que cuida de deficientes.
Para finalizar o almoço peguei um sorvete de chá verde (R$ 6,00) na barraca de Kyoto. Não sei porquê mas tinha pedaços de chocolate no meio parecendo um sorvete de flocos. Pelo menos o sabor do sorvete estava bom. Mas achei muito caro por uma minúscula bola de sorvete.
Após a degustação, aproveitamos para conferir outras atrações. O evento é bem diversificado, podendo agradar vários públicos e de todas as idades.
Passado algum tempo, resolvemos voltar às barraquinhas de comida. O próximo lugar escolhido foi a barraca de Hokkaido para comer a Yaki Ika (R$ 10,00), que são as lulas na brasa, perfeita para ser petiscada. Na hora que pedi eles avisaram que só haviam as perninhas da lula mas resolvi pegar assim mesmo já que a Denise gosta deste jeito. Para acompanhar peguei um oniguiri grelhado com molho de missô (R$ 3,50) na barraca de Fukushima.
Achamos que a porção de Yaki Ika estava um pouco seca. Sabemos que a lula preparada na forma grelhada tende a se tornar seca mas poderiam ter assado menos. O oniguiri estava muito bom, o gohan estava no ponto e o sabor do missô completou perfeitamente.
A Denise foi experimentar outro udon, desta vez de Iwate (R$ 12,00), que estava mais caprichado por conter mais ingredientes além do caldo estar com sabor mais pronunciado.
Minha mãe foi pegar um yakissoba na barraca de Tokyo (R$ 12,00) que apesar de ser o prato mais comum no festival estava bem saboroso. Haviam vários legumes além de carne, frango e camarão. O macarrão lembrava um pouco do China Massas Caseiras. O molho estava bem saboroso e a porção era muito bem servida. Acabei dividindo um com a Denise também.
Finalizamos com espetinho de shimeji com bacon de Gifu (R$ 4,00), que estava ótimo ao paladar e tostado na medida certa.
Levamos para casa o Ichigo Daifuku da barraca de Mie (R$ 8,00 com 3 unidades) que estava harmonioso com o morango para quebrar o doce do recheio de anko. A parte externa era bem fina, tornando o doce perfeito para fechar o dia.
Voltamos ao festival no dia seguinte (domingo), que estava visivelmente bem mais cheio que no dia anterior e notamos que havia muito mais filas em praticamente todas as barracas, sendo que em algumas a comida se esgotou no início da tarde. Meu pai havia visto uma caixa enfeitada na barraca de Kochi no sábado mas no final do dia já não havia mais. Quando chegamos no domingo cedo fomos logo para a barraca de Kochi checar se havia mais. Uma atendente jovem parecia estar no mundo da lua pois perguntamos qual era aquele prato indicado como Mushi de R$ 40,00 (isso mesmo, o mais caro do festival) e ela mostrou um peixe pequeno recheado que na verdade era o Sugatazushi. Além disso também não sabia que peixe era e nem qual era o recheio do Sugatazushi. Na verdade era uma pescada curtida no vinagre recheada com arroz de sushi (shari). É muito descaso estar na barraca de sua província e nem saber os pratos que estão vendendo.
O que nos salvou foi uma obasan que percebeu que estávamos perguntando bastante e foi explicar que a jovem atendente havia explicado tudo errado. O tal prato na caixa (foi pegar uma para nos mostrar) era um Tai no Mushi (R$ 40,00), um pargo recheado com okará que é a sobra da preparação do leite de soja e consequentemente o tofu. Apesar de ser chamado de sobra é muito nutritivo e tem o sabor parecido com aqueles tofus mais firmes. Misturado ao okará haviam cenoura bem ralada, camarão, shitake e gobô (bardana). Tudo isso recheando o pargo que é cozido no vapor.
Apesar de caro, o peixe é grande e bem recheado. O sabor do recheio é delicado e um pouco adocicado (coloquei um pouco de shoyu para salgar um pouco) e o do pargo é bem suave (adoro sushi de pargo). Este prato realmente surpreendeu e valeu muito a pena. Espero que ofereçam no próximo ano novamente.
Apesar do número de visitantes aumentar a cada ano, gostamos de ir no festival nos dois dias pois é uma ótima oportunidade para desfrutar não só das comidas mas das apresentações também.